Aulas práticas são fundamentais para que os futuros bombeiros civis estejam preparados para proteger vidas e patrimônios, atuando de forma responsável e profissional.

O distrito de Serra Pelada, em Curionópolis, município a 36 quilômetros de Parauapebas, foi o local escolhido, nessa quinta-feira, 21, para a realização do 17º dia de aulas da 3ª turma do Curso de Formação de Bombeiro Civil. Na ocasião, os alunos participaram da parte prática da disciplina voltada para a capacitação em Resgate Técnico Industrial.
A atividade teve como objetivo proporcionar aos 17 participantes experiências reais de enfrentamento a situações de risco, preparando-os para atuar com eficiência e segurança em ambientes industriais, assim como preconizam as Normas Regulamentadoras (NRs) 33 – Trabalho em Espaços Confinados e 35 – Trabalho em Altura.
Durante a prática, os estudantes puderam aplicar técnicas de salvamento em altura, resgate em espaços confinados e também de atendimento a vítimas em áreas de difícil acesso, sempre sob a orientação dos instrutores especializados.

Realizado pela Prefeitura de Parauapebas, por meio do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap), em parceria com o Instituto Maria de Lourdes e a LRSG Treinamentos, o treinamento destacou, ainda, a importância do trabalho em equipe, do uso correto dos equipamentos de proteção e do cumprimento rigoroso dos protocolos de segurança necessários.




“Serra Pelada é uma história e é importante que esses alunos conheçam de perto essa história. Para o resgate técnico em si, tanto no espaço confinado quanto em altura, este local possui um ambiente muito propício. Fizemos essas simulações para que eles comecem a ter o gosto por esse tipo de atividade, já que o bombeiro não realiza apenas o combate a incêndio, mas também os primeiros socorros, o resgate em espaço confinado, o trabalho em altura, entre outras situações emergenciais”, disse o instrutor e subtenente da reserva do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), Valdireno Guido, confiando que os alunos assimilarão bem todas as instruções repassadas pela equipe nas aulas práticas e levem os conhecimentos adquiridos para suas vidas, identificando-se de fato com a profissão.

“A mineração é uma atividade que um dia chega ao fim, como aconteceu com o garimpo de Serra Pelada, uma área de grande complexidade para a continuidade dessa prática. Por isso, buscamos mostrar que, como bombeiros civis, os alunos também terão a possibilidade de atuar em setores como o ecoturismo, aproveitando o potencial da região. A nossa proposta é formar profissionais realmente comprometidos”, destacou Guido.
As aulas práticas reforçam o compromisso da formação em preparar profissionais qualificados, capazes de agir em situações de risco, especialmente em setores industriais que demandam alto nível de preparo técnico.
Para o instrutor e responsável pela turma, Erick Souza, a simulação no espaço confinado ocorre para que os alunos entendam o desafio de resgatar uma vítima em um local que possui uma limitação de entrada e saída e que pode conter gases e baixo nível de oxigênio no ambiente.
Alunas
“No começo, quando chegamos lá em cima, bateu aquele medo, mas depois que pegamos o jeito, facilita muito. Eu sempre gostei de atividades de selva e da prática das atividades em mata. Pretendo, futuramente, trabalhar na área de bombeiro civil e seguir a carreira”, disse Leyane da Silva, de 20 anos, uma das alunas, mencionando a experiência do resgate em altura. Leyane já havia iniciado diversas capacitações no então Centro Comunitário Vale do Sol, porém foi com o curso de bombeiro civil que ela mais se identificou.
De acordo com os organizadores, a vivência em campo, um dos diferenciais da formação, fortalece o aprendizado teórico adquirido em sala de aula, garantindo que, ao final da capacitação, os alunos estejam aptos a atuar de forma profissional em diferentes cenários de emergência, enfrentando os variados desafios da profissão.
Aluna-destaque da formação, Gabriela Freitas, de 30 anos, mencionou que a aula prática foi uma experiência incrível. “Particularmente, eu sempre tive medo de altura, por isso foi um grande desafio. Porém, consegui manter a calma para descer e ter um aprendizado ímpar que eu vou guardar na minha memória”, disse a estudante sobre a atividade de resgate em altura. “A gente agradece demais aos parceiros que realizam o curso. Fico muito feliz em saber que venho me destacando porque a gente treina, esforça-se e tem bastante disciplina”, finalizou Gabriela.
“A equipe social do Prosap sempre acompanhou as diversas capacitações ofertadas pelo então Centro Comunitário Vale do Sol e, nesse período, a formação em bombeiro civil foi uma das mais procuradas pela comunidade. Isso mostra o quanto o centro fez a diferença na vida de muitas pessoas, tanto dos reassentados, como para a comunidade anfitriã e dos bairros do entorno com a oferta de cursos profissionalizantes que se tornaram ferramentas de transformação da população”, ressaltou a assistente social do programa, Eliete Araújo.

Serra Pelada
Maior garimpo a céu aberto do mundo, o distrito de Serra Pelada está localizado no município de Curionópolis, região sudeste do Pará. Entre os anos de 1980 e 1983 o garimpo no local atingiu seu pico de atividade, período em que o número de pessoas na região ultrapassou cinco mil, concentrando milhares de garimpeiros que buscavam enriquecimento rápido por meio da extração de ouro no local.
Retratada em filmes, minisséries e documentários, o auge da exploração de minério em Serra Pelada ocorreria mesmo em 1983, ano em que, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), os garimpeiros extraíram cerca de 14 toneladas de ouro. No entanto, a estimativa é que ao longo da década de 1980 e início da década de 1990, cerca de 100 mil pessoas trabalharam para retirar 42 toneladas do minério no local.
Texto: Nara Moura
Fotos: Chico Souza
Assessoria de Comunicação/PMP 2025