A Prefeitura de Parauapebas decidiu: vai tentar acabar com a tensão cada vez mais crescente entre os moradores do loteamento Nova Carajás com a empresa detentora de 16 mil lotes na área. Mais de 500 famílias se sentem enganadas pela loteadora e exigem indenização. A empresa alega que não tem como atender os moradores.
A negativa da Nova Carajás tem provocado manifestações dos moradores. A última foi no sábado, 3, quando bloquearam a ferrovia da empresa Vale, que fica próxima ao loteamento. E já ameaçam cortar o trilho. Antes que a situação se agrave ainda mais e coloque em risco a vida de pessoas, o prefeito Darci Lermen convidou todo mundo para conversar. Foi na manhã desta terça-feira, 6, no gabinete, com a presença do vice-prefeito, Sérgio Balduíno, e do chefe de Gabinete, Edson Bonetti.
Foi uma longa reunião, com mais de três horas de duração. De um lado, um grupo de representantes dos moradores ao lado do advogado Carlos Braga. De outro, Robson Gontijo, o único a representar a loteadora Nova Carajás. Também participaram executivos da Vale. À frente, Plínio Tocchetto, líder executivo do Projeto Ramal Ferroviário, que informou ponto a ponto todo o processo legal para a construção da obra, o que exigiu a compra de quase dois mil lotes da Nova Carajás.
“Todas as etapas do projeto são 100% públicas e são divulgadas. O processo é muito transparente”, assegurou Plínio Tocchetto em resposta à acusação de um morador de que a Vale “permitiu que a Nova Carajás vendesse os lotes sem avisar sobre a construção da ferrovia”. Segundo Tocchetto, no ano de 2010, quando foi assinado o decreto federal que definiu o traçado do ramal já existia estudo de topografia “inclusive com demarcações físicas” no ramal, o que, para o executivo, podem não ter sido observados pelos moradores.
De qualquer forma, afirmou Tocchetto, em 2010 e 2011 foram realizadas várias audiências sobre o traçado da ferrovia, o que resultou em ajustes no projeto. “O projeto vem calcado nesses cuidados e são vários anos de preparação. A Vale não se omitiu sobre onde iria passar o ramal”, reiterou.
SEM ACORDO
Fato é, reclamaram os moradores, que devido à ferrovia as casas onde eles moram estão com sérias rachaduras e perdendo o valor no mercado. Eles também se queixam do barulho e do pó espalhado pelo minério transportado pelos trens. “Os moradores estão revoltados. Os moradores não estão brincando”, disse Lucilene Amaral, acrescentando que as casas a 200 ou 300 metros da ferrovia não oferecem mais condições de moradia.
Na reunião, representantes eximiram a Vale do problema e acusaram a Nova Carajás de ter usado de má-fé na venda dos lotes. Para Carlos Braga, a loteadora já sabia do traçado da ferrovia quando colocou os lotes à venda. “Existem indícios sérios de que houve fraude na venda, omissão na informação. Não tiveram a dignidade de informar esta população, que está com toda razão não só jurídica, mas também com razão social”, ressaltou o advogado, que já impetrou ação judicial contra a Nova Carajás mesmo ciente de que a espera por uma decisão “será longa e cansativa”.
Robson Gontijo ouviu várias propostas dos moradores, como rescisão contratual e pagamento de indenização, mas o representante da Nova Carajás descartou tudo por avaliar que os valores cobrados são “altíssimos” para a empresa.
NOVA REUNIÃO
Apesar da longa conversa, tudo que ficou acordado no gabinete da prefeitura foi a realização de uma nova reunião, agendada para o dia 21 deste mês. Após ouvir pacientemente todos os envolvidos, o prefeito Darci Lermen avaliou que faltam mais dados para que haja um acordo que contemple os moradores e a Nova Carajás.
“Ninguém aqui quer quebrar a loteadora, mas temos que construir um entendimento. Eu me coloco à disposição para intermediar essa conversa para que a gente possa construir uma proposta de forma tranquila”, ponderou Darci Lermen, que irá colocar técnicos da prefeitura para analisar o caso. Mas, de antemão, ele entende que deve prevalecer o bom senso.
Texto: Hanny Amoras
Fotos: Matheus Costa
Assessoria de Comunicação – Ascom | PMP
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