Da argila à arte, o coletivo transforma tradições ancestrais em expressão contemporânea, unindo saberes femininos e sustentabilidade no coração da Amazônia

O Centro Mulheres de Barro, referência em arte e sustentabilidade no sudeste do Pará, marcou presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, levando para o Museu do Artesanato Paraense a força da cerâmica amazônica produzida por mulheres que transformam argila em cultura e identidade.
Fundado em 12 de novembro de 2016, o Centro completou nove anos de existência justamente durante o evento, coroando quase duas décadas de trajetória dedicadas à valorização da arte, da economia criativa e da formação cultural. Desde sua criação, o espaço atua como um verdadeiro ateliê vivo, oferecendo cursos, oficinas e experiências para crianças e adultos, com foco na preservação das tradições regionais e no empoderamento feminino por meio do artesanato.

Maria do Socorro Carneiro, integrante da cooperativa, explica que o compromisso com a sustentabilidade é uma marca do grupo.
“Somos a cooperativa Mulheres de Barro, trabalhamos com cerâmica e as nossas peças são feitas com toda a sustentabilidade. A nossa argila é de doação dos lugares que vão fazer criatório de peixe, e eles nos doam o material. A nossa embalagem também é sustentável — feita com sobras de papelão catado nas ruas e no comércio. Substituímos o plástico bolha por papelão reaproveitado. E a pintura das peças é natural, feita com minérios como manganês, ferro e argilas coloridas”, destaca.
Os grafismos e desenhos das peças são inspirados em achados arqueológicos da região de Parauapebas, com referências aos povos tupis-guaranis — um resgate cultural que conecta passado e presente por meio da arte.
Durante a exposição, Sandra Santos, também representante do Centro, celebrou a conquista de poder participar de um evento global como a COP30 e ressaltou a importância simbólica dessa data.

“Hoje é um dia muito importante para a gente. É o aniversário de nove anos do Centro Mulheres de Barro. Desde quando abrimos as portas, o espaço se tornou um ponto de formação, difusão cultural e um ateliê que funciona todos os dias. Estar aqui, no Museu do Artesanato Paraense, fazendo parte desse espaço que valoriza a tradição e a cultura do nosso estado, é um privilégio e o resultado de 20 anos de trabalho”, afirmou.
A exposição chamou a atenção do público por unir sustentabilidade, arte e ancestralidade. Segundo Sandra, quem visita o espaço encontra produtos carregados de significado.
“As pessoas que vierem até o local vão levar para casa um produto com referência cultural do nosso território. Lá no início, buscamos criar uma identidade para o artesanato de Parauapebas, e hoje temos também as meninas das Biojoias, que começaram no Centro Mulheres de Barro. Temos duas matrizes de economia criativa com referência regional, e isso é motivo de muito orgulho”, completou.

A presença do Centro Mulheres de Barro na COP30 simboliza não apenas a resistência e o protagonismo feminino na arte paraense, mas também o compromisso com a sustentabilidade e com a valorização da cultura amazônica — uma arte que nasce da terra e retorna a ela, transformando o barro em legado.
Reportagem: Hilda Barros
Fotos: Hilda Barros / Morgana Albuquerque
Assessoria de Comunicação / PMP 2025